Cultura Marajoara
Na cultura Marajoara Imagem
e símbolo estão estreitamente ligados, não havendo uma forma satisfatória de distingue–lós,
pois os Símbolos gravados na argila pelo hábil artista/artesão não são fruto
apenas da sua imaginação, mas sim um apanhado de conhecimentos que ele como
retentor, veio recebendo por toda vida. A arte detentora na confecção dos grafismos
e no modelar da argila, trabalha na criação de uma sociedade que se desenvolve
gradativamente se tornando dona de um legado cultural que transcende seu tempo,
Darcy Ribeiro antropólogo e escritor conceituadíssimo, que tinha seu foco no
estudo dos índios brasileiros e na educação brasileira em uma colaboração ao compêndio
de Walter Zanini diz:
O requinte formal e a qualidade da
cerâmica e também as características dos aterros são fortes indícios, pela soma
de trabalhos exigidos, pela especialização implicada, pela importância das
atividades cerimônias, pelos padrões de organização espacial, de uma sociedade
em processo de diferenciação e estratificação social. (RIBEIRO in ZANINI, 1983,
P. 35).
Seus padrões estéticos basicamente abstratos por muita
vezes em suas tramas criam padrões que faziam claramente menção a seus animais totens,
animais esses que como nas tradições indígenas atuais, tinham a função de proteger
e afugentar os espíritos, esses mesmos eram dotados de grande poder e os
símbolos estavam ligados a sua imagem e sua forma.
As cerâmicas (urnas, pratos, bancos e estatuetas),
carregavam em suas formas uma simbologia mista entre homens e animais, zoomórficos
e antropomórficos, alem também de expressarem as potencialidades humanas do
positivo e negativo/ Feminino/ Masculino; O culto as potencialidades humanas e
muito antigo e transcende as eras, com relatos de vestígios nas pinturas
rupestres e nas Vênus primitivas como e o caso da (Vênus de Willendorf ). Nas
sociedades indígenas atuais o mito das potencialidades esta enraizado na
elaboração de suas pinturas corporais e em seus grafismos como é o caso do mito
Shipibo, onde os desenhos foram dados e divididos entre as tribos.
Podemos afirmar, a arte é um veiculo de transmutação do
etéreo para o material, o artista primitivo tinha um papel fundamental na
concepção cosmológica de sua sociedade, a noção de individuo não existia nessa
concepção social, por isso nunca devemos ver o artista primitivo com os olhos
da contemporaneidade, mas sim como um observador de transformações estéticas que
culminam na evolução da sua sociedade.

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